21 de out. de 2002

Tudo bem que pode ser mentira, mas eu acho essas coisas de passado tão legais! Imagina tudo que já aconteceu com essa bendita caixa!



Uma caixa para guardar ossos feita de pedra calcária pode ser o primeiro indício arqueológico da existência de Jesus. Na caixa, que pertence a um colecionador particular de Israel e foi encontrada vazia, lê-se em aramaico: 'Tiago, filho de José, irmão de Jesus'. Estudos comprovaram que o objeto data do século I d.C.. A descoberta esta sendo comparada ao Sudário de Turim - em importância e controvérsia.

A caixa e a inscrição foram estudadas por André Lemaire, estudioso de hebraico e aramaico da Universidade de Sorbonne, na França. As conclusões de sua análise estão na edição de novembro e dezembro da revista 'Biblical Archaeology Review', da Sociedade de Arqueologia Bíblica, com sede nos Estados Unidos.

- Análises geológicas comprovaram que a rocha é de dois mil anos atrás e tem o mesmo padrão das pedras de Jerusalém. Não há como ser falsa - disse ao GloboNews.com Jack Meinhardt, editor assistente da 'Biblical Archaeology Review'.

Não há prova de que as três pessoas citadas na inscrição sejam os personagens da Bíblia - que faz referência a um irmão de Jesus chamado Tiago, um de seus discípulos e autor de uma das cartas que integram o Novo Testamento. Mas, estatisticamente, a chance de os mesmos três nomes constarem em um tipo de inscrição em que não se costumava citar irmãos é considerada desprezível.

Segundo Meinhardt, a caixa estava com um colecionador de peças arqueológicas há 15 anos.

- Ele comprou a peça em um antiquário de Israel. Apesar da inscrição, ele não achou que fosse uma caixa muito importante, porque esse nomes eram muito comuns na época. Pensou que fosse o ossário de uma família comum.

André Lemaire tomou conhecimento do ossário ao conhecer o colecionador em uma festa. E logo percebeu que dificilmente estaria diante de um objeto qualquer.

- O colecionador falou sobre a caixa. Apesar de saber que os nomes José, Tiago e Jesus eram comuns, Lemaire também sabia que era difícil encontrar em uma mesma família esses três nomes - contou Meinhardt. - Além disso, como a sociedade da época era patriarcal, os ossários exibiam apenas inscrições com o nome do pai e do filho. A simples menção de Jesus prova que ele era famoso ou sugere que os ossos de Jesus também estiveram na caixa.

De acordo com Meinhardt, o ossário deve ser exibido ao público em uma exposição no Museu Real de Ontário, no Canadá, marcada para ter início em novembro. Um documentário sobre a descoberta também está sendo realizado e será exibidio pela canal de televisão a cabo Discovery Channel.

O objeto, porém, já começa a despertar controvérsia. Em entrevista ao noticiário on-line do Discovery Channel, Robert Eisenman, professor de arqueologia bíblica da Universidade do Estado da Califórnia em Long Beach, nos EUA, disse que a expressão 'irmão de Jesus' nunca teria sido inscrita em um ossário do primeiro século.

Ele compara o achado ao Santo Sudário. Como o pedaço de pano que teria envolvido o corpo de Jesus após sua morte e cuja autenticidade é contestada, ele diz que o ossário 'é um grande artefato, mas para os acreditam'. 'Eu tremeria se fosse verdadeiro, mas acredito que seja uma falsificação', disse Eisenman.

Provar a falsificação, porém, pode ser quase impossível. As letras que compõem a inscrição têm o formato típico do período imediatamente anterior à destruição de Jerusalém pelo Império Romano, em 70 d. C.. Análises realizadas pela Pesquisa Geológica de Israel mostraram que a caixa 'não tem elementos modernos, não foi trabalhada com ferramentas modernas e parece ser genuína', relata o noticiário do Discovery Channel.

Mas essa não será a única controvérsia a rondar o objeto. Jerome Murphy-O'Connor, professor de Novo Testamento da Escola Bíblica de Jerusalém, diz que, dada sua importância, a permanência da caixa em uma coleção particular é 'intolerável'.

- A peça continua sendo do colecionador - respondeu Jack Meinhardt.

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