Uma caixa para guardar ossos feita de pedra calcária pode ser o primeiro indício arqueológico da existência de Jesus. Na caixa, que pertence a um colecionador particular de Israel e foi encontrada vazia, lê-se em aramaico: 'Tiago, filho de José, irmão de Jesus'. Estudos comprovaram que o objeto data do século I d.C.. A descoberta esta sendo comparada ao Sudário de Turim - em importância e controvérsia.
A caixa e a inscrição foram estudadas por André Lemaire, estudioso de hebraico e aramaico da Universidade de Sorbonne, na França. As conclusões de sua análise estão na edição de novembro e dezembro da revista 'Biblical Archaeology Review', da Sociedade de Arqueologia Bíblica, com sede nos Estados Unidos.
- Análises geológicas comprovaram que a rocha é de dois mil anos atrás e tem o mesmo padrão das pedras de Jerusalém. Não há como ser falsa - disse ao GloboNews.com Jack Meinhardt, editor assistente da 'Biblical Archaeology Review'.
Não há prova de que as três pessoas citadas na inscrição sejam os personagens da Bíblia - que faz referência a um irmão de Jesus chamado Tiago, um de seus discípulos e autor de uma das cartas que integram o Novo Testamento. Mas, estatisticamente, a chance de os mesmos três nomes constarem em um tipo de inscrição em que não se costumava citar irmãos é considerada desprezível.
Segundo Meinhardt, a caixa estava com um colecionador de peças arqueológicas há 15 anos.
- Ele comprou a peça em um antiquário de Israel. Apesar da inscrição, ele não achou que fosse uma caixa muito importante, porque esse nomes eram muito comuns na época. Pensou que fosse o ossário de uma família comum.
André Lemaire tomou conhecimento do ossário ao conhecer o colecionador em uma festa. E logo percebeu que dificilmente estaria diante de um objeto qualquer.
- O colecionador falou sobre a caixa. Apesar de saber que os nomes José, Tiago e Jesus eram comuns, Lemaire também sabia que era difícil encontrar em uma mesma família esses três nomes - contou Meinhardt. - Além disso, como a sociedade da época era patriarcal, os ossários exibiam apenas inscrições com o nome do pai e do filho. A simples menção de Jesus prova que ele era famoso ou sugere que os ossos de Jesus também estiveram na caixa.
De acordo com Meinhardt, o ossário deve ser exibido ao público em uma exposição no Museu Real de Ontário, no Canadá, marcada para ter início em novembro. Um documentário sobre a descoberta também está sendo realizado e será exibidio pela canal de televisão a cabo Discovery Channel.
O objeto, porém, já começa a despertar controvérsia. Em entrevista ao noticiário on-line do Discovery Channel, Robert Eisenman, professor de arqueologia bíblica da Universidade do Estado da Califórnia em Long Beach, nos EUA, disse que a expressão 'irmão de Jesus' nunca teria sido inscrita em um ossário do primeiro século.
Ele compara o achado ao Santo Sudário. Como o pedaço de pano que teria envolvido o corpo de Jesus após sua morte e cuja autenticidade é contestada, ele diz que o ossário 'é um grande artefato, mas para os acreditam'. 'Eu tremeria se fosse verdadeiro, mas acredito que seja uma falsificação', disse Eisenman.
Provar a falsificação, porém, pode ser quase impossível. As letras que compõem a inscrição têm o formato típico do período imediatamente anterior à destruição de Jerusalém pelo Império Romano, em 70 d. C.. Análises realizadas pela Pesquisa Geológica de Israel mostraram que a caixa 'não tem elementos modernos, não foi trabalhada com ferramentas modernas e parece ser genuína', relata o noticiário do Discovery Channel.
Mas essa não será a única controvérsia a rondar o objeto. Jerome Murphy-O'Connor, professor de Novo Testamento da Escola Bíblica de Jerusalém, diz que, dada sua importância, a permanência da caixa em uma coleção particular é 'intolerável'.
- A peça continua sendo do colecionador - respondeu Jack Meinhardt.
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