Conclusão final:
O Brasil contou na Copa com seus "erres". Foi o que diferenciou a seleção das demais durante a Copa. Com Rivaldo, Ronaldo e Ronaldinho, sempre teria como vencer. E venceu.
A defesa, que começou mal, melhorou. O meio começou com um volante, mas acabou com dois. E o técnico Luiz Felipe Scolari, tão contestado pela ausência de Romário, mostrou que estava certo.
O primeiro jogo, contra a Turquia, foi complicado. A partida foi realizada na cidade sul-coreana de Ulsan, onde a seleção ficou concentrada durante a primeira fase.
Na véspera, no reconhecimento de gramado, o volante e capitão Emerson deslocou o ombro em um rachão e foi cortado. O meia Ricardinho, do Corinthians, foi convocado.
Os turcos saíram na frente, com um gol de Hasan Sas. Mas o Brasil mostrou o "filme" que seria visto em quase todos os seus jogos. Após cruzamento de Rivaldo, Ronaldo empatou. No final, o árbitro sul-coreano Kim Young Joo viu pênalti numa falta sofrida por Luizão fora da área. Rivaldo bateu e decretou a vitória.
O resultado diminuiu a carga de tensão que envolvia a estréia. Apenas a zaga ainda preocupava. E, para o jogo contra a China, Scolari sacou Edmílson, que deu "chutões" de menos, e pôs Anderson Polga.
Mesmo com a torcida contra no estádio de Seogwipo, em 8 de junho, o Brasil mostrou sua força e fez gols com cada um dos "erres": Roberto Carlos, Rivaldo, Ronaldinho e Ronaldo. A vitória, por 4 a 0, só não foi mais tranqüilizadora porque ficaram nítidos alguns erros de posicionamento na defesa.
Falhas que, segundo Scolari, ocorriam por causa da necessidade de fazer gols na primeira fase e ganhar confiança. Para o treinador, a ausência de um segundo volante e a conseqüente presença de Juninho era um risco calculado.
No dia 13 de junho, o Brasil goleou a Costa Rica por 5 a 2, quando mais uma vez ficou clara a força do ataque e a fragilidade da defesa. Scolari resolveu poupar Roberto Carlos, com dores na panturrilha, e outros três jogadores pendurados com cartão amarelo: Roque Júnior, Ronaldinho e Denílson.
Os gols do Brasil foram marcados por Ronaldo (2), Edmílson, Rivaldo e Júnior. Na zaga, Edmílson, que substituiu Roque Júnior, foi bem, marcou um golaço e ganharia novamente a vaga de Polga.
No dia 17, a seleção estreava no "mata-mata" contra a Bélgica, segunda colocada do Grupo H. Em campo, o jogo mais complicado até a decisão.
A Bélgica teve um gol estranhamente anulado pelo árbitro jamaicano Peter Prendergast, que viu uma falta de Wilmots sobre Roque Júnior.
No segundo tempo, Marcos foi exigido pela primeira vez na Copa. O Brasil ganhou na individualidade, de novo. Foi Rivaldo quem matou no peito e marcou um golaço. Kléberson ainda arrancaria pela direita e cruzaria para Ronaldo marcar o segundo.
Diante das chances criadas pela Bélgica, Scolari resolveu sacar Juninho e manter Kléberson. Para ele, o ataque era tão bom que, mesmo com menos oportunidades, o time seguiria ganhando os jogos. O que importava era correr menos riscos.
No dia 21 de junho, a seleção brasileira entrava no gramado do Shizuoka Stadium para fazer contra a Inglaterra seu primeiro clássico na Copa. Além de uma forte defesa, os ingleses tinham uma torcida barulhenta nas arquibancadas. Parecia que o penta iria por água abaixo quando, na falha de Lúcio, Owen fez o primeiro gol da partida.
Desta vez, quem decidiu foi Ronaldinho, que até então não correspondia às expectativas. No final do primeiro tempo, já nos acréscimos, ele fez uma jogada sensacional e assistiu Rivaldo, que empatou ao chutar de primeira. No início da etapa final, Ronaldinho bateu uma falta da lateral do campo direto para o gol, enganando Seaman e decretando a virada.
O jovem meia brasileiro, herói da partida, quase virou vilão depois de dar uma entrada dura em Mills e receber o cartão vermelho. Aí, sim, o Brasil de dois volantes mostrou sua eficiência. Seguro na marcação, o time não deixou que a Inglaterra criasse nenhuma chance de gol. Como prometera Scolari antes da Copa, a seleção estava nas semifinais.
Em 26 de junho, o Brasil enfrentaria novamente a Turquia. E eles queriam revanche, já que não haviam engolido a derrota "com uma mãozinha do juiz" na primeira fase. Organizada taticamente, a equipe turca voltou a dar trabalho para o Brasil.
A seleção teve dificuldades no toque de bola, mas voltou a ganhar em uma jogada individual. Desta vez, de Ronaldo. Ele, que era dúvida para o jogo após sentir dores musculares, decidiu no início do segundo tempo com um gol de bico.
Nos contra-ataques, o Brasil de dois volantes novamente mostrou perigo, mas não conseguiu marcar. A defesa, a essa altura do campeonato, já tinha a confiança geral.
De ônibus, logo depois da partida, a delegação deixou Saitama rumo a Yokohama. Foram mais três dias de treinos na cidade da final da Copa do Mundo. Uma final inédita, diante da outra grande potência em Mundiais: a tradicional Alemanha.
E, logo em 2002, o século 21 ganhou o seu "jogo". Os alemães começaram melhor, com o Brasil mais preso ao seu campo. Aos poucos, acionado por Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo começou a dar trabalho a Oliver Kahn, que fez duas defesas difíceis no primeiro tempo e fechou o ângulo do atacante brasileiro em outro lance.
Com os laterais Cafu e Roberto Carlos bem marcados, Kléberson mostrou personalidade e apoiou com eficiência o ataque. Além de roubar bolas preciosas, chutou uma bola no travessão.
O segundo tempo seguiu nervoso até que, aos 22 minutos, Ronaldo roubou a bola e serviu Rivaldo. Kahn não segurou o chute do brasileiro, e a bola sobrou para o "Fenômeno" abrir o placar e tornar-se o primeiro jogador a superar a marca dos seis gols desde 1974.
Com a zaga segura - destaque para Roque Júnior -, o Brasil armou-se para o contra-ataque. Num deles, Kléberson cruzou da direita, Rivaldo deixou a bola passar, e Ronaldo tocou no canto, sem chance para Kahn.
O trabalho final "sobrou" para Cafu, que, após tornar-se o único jogador a disputar três finais de Copas, improvisou um pódio para deixar mais alto o pentacampeonato brasileiro.
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